Ao Abate

25/02/2012

Alexandre Abate, colunista nervosinho do LANCE! que me lembra os pipoqueiros mais irritantes com os quais topei ao longo da vida, resolveu dar seu soquinho na verdadeira pushing ball midiática que se tornou Arnaldo Tirone. Aqui. Aproveitou a demora nas negociações pela contratação de Wesley e entregou-se à seguinte liberdade:

  1. Tirou sarro do palavreado supostamente eufemístico – ou vazio – do cartola, que disse enfrentar dificuldades não apenas financeiras, mas “globais” em efetuar o negócio. Trata-se de uma bobagem, já que as dificuldades poderiam – concomitantemente às financeiras – ser de ordem contratual, tributária, fiscal, trabalhista, jurídica – e nenhuma delas é financeira, a não ser que Abate entenda por financeiro qualquer coisa que os financistas ainda não captaram o que seja. Em todo o caso, segue o desconto: admito, em hipótese, que Abate tem mesmo alguma informação verdadeira e que não está a entregar-se ao invencionismo ou à presunção, atitude muitíssimo mais comum no veículo, e que portanto o problema de Tirone foi mesmo ter contado, de antemão, com dinheiro que depois não veio. Pois bem. Essa passa, se bem que me dou o direito de deixar anotada para confrontá-la, no futuro, com a utilização que o jornalista fizer das palavras que escolher. Até porque não foi só isso. Vejam:
  2. Adiante, o papa-amendoins me sai com esta aqui: “Quando você, leitor, estiver lendo esse comentário, o clube pode até ter fechado o negócio. Mas que a transação foi estabanada, não tem como negar!“. Não, Abate, não.

Ou você está certo em tirar sarro de Tirone, ou está errado em tirar sarro de Tirone. Se ele conseguir contratar Wesley – e parece que conseguiu – você fez gracinhas e se deu mal. Transação estabanada é mais do que transação ruim: é uma transação ruim e que ainda carrega consigo circunstâncias agravantes. Não pode dar certo, ou não pode ser tão ruim e estabanada. E não, você não está se referindo à qualidade do negócio, ao custo-benefício, nada disso. Nenhum aspecto que não o sucesso da empreitada de contratar Wesley. Você está cagando regra, única e exclusivamente, sobre o sucesso das tratativas acerca da vinda do jogador. Nesse sentido, uma transação mal conduzida e, ainda por cima, estabanada, simplesmente não pode chegar a bom termo. Assim, se Wesley não vier para o Palmeiras, é bem possível que você tenha razão – é possível, ainda, que simplesmente tenha dado sorte. Mas, por outro lado, se ele chegar – e parece que chegou – de nada adiantará esconder-se atrás desse ridículo “olha-tenho-razão-de-qualquer-jeito”. Quer ver como posso ser altamente núcleo-corinthiano numa hora dessas? É só dizer que, em dando certo a contratação, Tirone obteve sucesso em sua ousada estratégia de forçar o Werder a aceitar melhores prazos, outras condições de compra – por exemplo, ofertas por apenas parte dos direitos relativos a Wesley ou, ainda, caro, caríssimo Abate, o diabo que o carregue – e patati, e patatá. Aliás, ao que tudo indica foi mesmo o que aconteceu. Quer me ver mais núcleo-corinthianoso ainda, sapecão? Se der errado, montillize a coisa e diga que a super estratégia estratégica estratagêmica deu errado; que pena, mas não tem problema, não há de ser nada, o Palmeiras já está atrás de Seedorf – ou do diabo que o carregue, Abatezinho ansiosa. Cada babaca que aparece…

3 Responses to “Ao Abate”

  1. Carlos Pinguim Says:

    Sensacional o texto. É muito divertido ver essa corja rastejante da imprensa esportiva sendo desmantelada desse jeito.

    Continue com este trabalho fantástico, a gente agradece.

  2. Alessandro Says:

    E aí, ainda acha o Tirone um grande presidente? Abraços, Alessandro Abate!

    • falavigna Says:

      Aprenda a ler. Depois, leia o que eu escrevi e responda ao que tiver lido. Inventar algo para se aplicar uma resposta pronta não é só muito pouco inteligente, como também é desonesto.

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